segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

MInha experiência off-off-...-off Broadway.

Uma das principais idéias dessa viagem era explorar ângulos diferentes de New York que não conseguiria explorar com alguém. Então nada mais justo que explorar uma das bases culturais de New York: o Teatro!

Para quem não sabe, a cena teatral de NY pode dividida basicamente em Broadway - teatros geograficamente mais próximos a Times Square, com peças mais turísticas, comercias e, por isso mesmo, mais super produzidas e conservadoras - e off-Broadway - teatros mais distantes da Broadway, com peças mais baratas, artísticas e ousadas. Quanto mais off, mais longe e mais "artística". How I Met Your Mother define assim: "New York é famosa por seu teatro, mas existem diferentes níveis. Há Broadway; off-Broadway, off-off-Broadway, moradores de rua gritando no parque, e abaixo disso, a peça de sua tia Lily..." Fui ao teatro quase todo dia e explorei todos esses níveis.. inclusive descobri um outro nível... abaixo do da peça da Lily, que eu fui devia ter uns 15 offs...

Vi mórmons em uma missão bizarra na África, o musical mais sensacional, hilário e fantasticamente heregico (e para MUITA gente, o mais ofensivo) já feito na Broadway - o que se poderia esperar de um musical dos criadores de South Park?!

Assisti uma peça com Tom Hanks... TOM HANKS!!! Isso mesmo, o Forrest Gump!!! A cem metros!!! Ao vivo!!!!

Vi também uma peça em que o casal canta os 5 anos do relacionamento. Ele do início ao fim do relacionamento. Ela do fim para o início. Ele indo da comédia para o drama. Ela o caminho inverso. E eles só contracenam uma única vez, no meio, quando as duas linhas narrativas se encontram. Engenhoso, bem escrito e atores fantásticos!

E tive minha experiência off-off-...-off Broadway. 

Descobri essa peça em um bar, estava relaxando tomando uma cervejinha pós teatro. Num certo momento da noite, surge uma loira de cabelos esvoaçantes (mesmo sem vento, lugar fechado... daquelas mulheres que parecem que vivem um comercial de shampoo e andam sempre com um ventilador na frente) jogando os cabelos de um lado pro outro e distribuindo flyers de uma peça que segundo ela era "avant garde, groundbreaking e revolucionaria" (como se essas três palavras não significassem mais ou menos a mesma coisa...). 

Ainda empolgado por ter acabado de ver Tom Hanks ao vivo... e por que faria quase tudo que essa loira mandasse eu fazer, decidi dar uma chance a essa peça, afinal era só 10 dólares (peças da Broadway costumam sair mais de 100) e quem sabe assim teria a chance de ver essa fantástica loira novamente ou até mesmo falar com ela... ah é, o nome dela era Alison!

Para começar o nome do teatro era Flea (que significa pulga!!!). A peça era basicamente um palhaço idoso declamando poesia e uma gordinha - estou sendo sutil, ela era morbidamente obesa - fantasiada de Pocahontas cantando sei lá o que! Nada fazia sentido com nada! O primeiro ato durou duas horas e não tive coragem de ver o segundo... pois tinha certeza que um dos dois ia ficar pelado, ou pior, os dois!!! É... isso que dá ir na onda de uma loira com nome de godinho!!!!!

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

New York, concrete jungle where dreams are made... 2


Na primeira noite só sai pra comer por volta da 1 da manhã, acabei perdendo a conexão em Miami e cheguei tarde em NYC. Como estava morrendo de fome e não tava afim de ficar procurando um restaurante, fui para um restaurante coreano que já tinha ido, gostado e sabia que ficava aberto a noite toda. 

O restaurante estava bem diferente, e merda... o cardápio também tinha mudado!!!! Não fazia ideia do que era cada um daqueles pratos! (No dia seguinte descobri que estava em outro restaurante coreano com nome parecido - o que conhecia era num quarteirão abaixo!) 

Escolhi o prato cuidadosamente... fechando o olho e colocando o dedo no cardápio, e chamei o garçom:

Eu: - Boa noite! Vou querer esse gumjjin-blablablá.
Garçom coreano afetado: - Não!!!!
Eu: - Não?!?! Não tem?
Garçom coreano afetado: - Não... Você já comeu esse prato antes?
Eu: - Não...
Garçom coreano afetado: - Você não vai aguentar, você vai comer esse aqui: jeonsang-qualquercoisa!
Eu: - Hã? 
Garçom coreano afetado: - O gumjjin-blablablá é apimentado demais, você vai comer o outro que não tem pimenta!
Eu: - Mas eu gosto de pimenta!
(Risinho complacente) Garçom coreano afetado: - Vou te trazer o jeonsang-qualquercoisa!

Desmoralizado por que um garçom de macheza duvidosa achou que não sou homem o suficiente para comer um prato tipico coreano, acabei aceitando a "sugestão" pois a fome tava forte... e, se insistisse, ia acabar comendo um prato apimentado e cuspido!!!!! 

Ainda bem, pois o prato "sem pimenta" já era apimentado pra cacete!!!!

New York, concrete jungle where dreams are made...

Essa viagem já faz mais de seis meses, mas teve umas historias que merecem ser contadas e ultimamente várias pessoas me cobraram sobre o blog... então vai lá, entremos em nosso DeLorean e voltemos a maio de 2013!!! (baseado nos rascunhos que escrevi na viagem e da minha memoria não tão boa assim!)

Tem um filme do George Clooney chamado “Up in the air” (que eu me recuso a chamar pelo ridículo nome em português!), em que o personagem do Clooney faz um discurso mais ou menos assim:


“Quanto a sua vida pesa? Imagine por um segundo que você está carregando uma mochila. Eu quero que você coloque nela todas as coisas que você tem em sua vida, começando com as pequenas como as coisas das prateleiras, das gavetas; em seguida, coloque as coisas maiores: roupas, coisas da mesa, lâmpadas, sua TV - mochila deve estar ficando bem pesado agora – coloque mais... seu sofá, seu carro, sua casa - Eu quero que você coloque todo nessa mochila.


Agora eu quero que você a encha com as pessoas. Comece com conhecidos casuais, amigos de amigos, pessoas ao redor do escritório, e então você passe para as pessoas que você confia com os seus segredos mais íntimos, seus irmãos e irmãs, seus filhos, pais e, finalmente, o seu marido, esposa, seu namorado, sua namorada - sinta o peso da bolsa. Não se engane, seus relacionamentos são os componentes mais pesados ​​em sua vida...”


Ele usa esse discurso para falar que todas essas negociações e argumentos e segredos estão nos comprometendo. Que nossas relações são pesadas demais, que nos deixa mais lentos e isso nos mata. EU DISCORDO! Essa mochila é pesada, mas é o peso dessa mochila que me equilibra e dá apoio. Quando estou cansado demais, apenas relaxo, encosto nessa mochila e ela me impede de cair!


Porém, essa mochila é realmente muito pesada. E, por uma semana – apenas uma semana – de tempos em tempos, tenho que tirar essa mochila das costas e andar livremente. Por isso que preciso desses “walkabouts”.  E tem lugar melhor para isso que New York?! O único lugar onde posso tomar café da manha na Tiffany com Holly Golightly, festejar com Jay Gatsby, falas sobre o nada com Seinfeld, sofrer neuroses com Woody Allen...


E, dessa forma, tenho força para colocar essa mochila nas costas novamente e enche-la mais ainda!!!